quarta-feira, 25 de julho de 2007
Ariano Suassuna e José Costa Leite, a cultura popular das feiras às academias.
Aconteceu hoje, na reitoria da UFPB, uma homenagem aos 80 anos de Ariano Suassuna e José Costa Leite. Os dois notáveis paraibanos, apesar de terem trilhados caminhos diferentes, ministraram com igual grandeza a palestra que se seguiu às homenagens prestadas.
A sala lotada de estudantes, professores, funcionários e curiosos tiveram a oportunidade de assistir à brilhante apresentação do quinteto Itacoatiara, criado por Ariano na época em que lecionou na UFPB, que ao som de violino, viola, violão, flauta transversal e fagote; executou três belíssimas músicas: Contra-dança, Festa na senzala e Vento Nordestino. O escritor assistiu da primeira fila, em cadeiras reservadas, porém, dividiu o espaço com estudantes, incontidos diante do rítmo de Vento nordestino, que lotavam o chão dos corredores. Ele foi amável todo o tempo e muito paciente com todos os que arriscaram colocar seu lado tiete para fora. Logo após, Houve a apresentação de um grupo de poesia musicada, que além do interprete que declamava; contava com violino, viola e percussão.
A homenagem se seguiu com a convocação de uma mesa de honra formada por figuras notáveis, no campo acadêmico e estadual, onde discursaram o secretário de educação do estado Neroaldo Pontes e o reitor Romulo Polari . A mesa de honra foi desfeita, nela permanecendo apenas os homenageados e a professora Idelette Muzart Santos, da Paris X e ex-professora da UFPB, que presidiu a "palestra-debate" e ministra o curso "As vozes de Ariano Suassuna: oralidade e criação na obra teatral romanesca" destinado aos alunos de mestrado e doutorado até o dia 27(sexta-feira).
Idelette mostrou-se muito à vontade, apesar de ser francesa ela escreveu vários artigos e livros sobre a obra de Ariano, além de ter traduzido folhetos de cordel de Costa Leite para o francês. Em um discurso Breve e consistente, onde ressaltou os pontos de coincidência entre os dois autores (de formação tão distinta), ela deixou aberta a passagem para a palestra de Costa Leite.
O Cordelista e Xilógrafo abriu o discurso tímido e modesto, junto a Ariano Suassuna usou a analogia, "é mesmo que uma formiga e um elefante". A comparação foi derrubada pela platéia que ovacionou o poeta emocionado ao relatar as dificuldades da vida do cordelista nordestino. José Leite tocou fundo as emoções do público atento. Bem humorado, revelou o segredo de sua lucidez em plenos 8o anos, a serem completados daqui a 2 dias, " eu escrevo um cordel de pelo menos oito páginas todo dia, isso ajudou a minha cuca gasta". José ainda recitou a "oração do cachaceiro" e contou "o causo do menino que queria um sapoti em São João do Cariri". A exposição homônima das Xilogravuras de José Costa Leite ficarão expostas no hall da reitoria.
Ariano Suassuna abriu sua palestra calmo; no entanto, cutucou, fez rir e indignou a todos. Comentou a polêmica acusação de que ele seria um localista arcaico com muito bom humor e ferrenha posição. Criticou duramente a poesia matuta, acusando-a de caricatura mal feita da poesia popular. "Para fazer uma obra de verdadeira garndeza não é apenas necessário fazer e querer, é necessário estar impregnado daquilo que se escreve." Disparou o escritor. Ariano ainda voltou a discutir a sua preocupação com a forma, com a deturpação da beleza. Afirmou ter horror à arquitetura pós moderna e se disse incomodado com a aparência de Brasília, "A impressão que eu tenho é que fizeram um susto a Brasília e ela empalideceu pra sempre".Em comparação Ariano ressaltou a beleza da "casa de flor" construída por seu amigo Gabriel Joaquim dos Santos, a qual é toda construída com cacos de vidro e pedaços de material escolhidos por Gabriel. A casa localiza-se no interior do estado do Rio e é tida pelo ecritor como padrão de beleza. O dramaturgo tratou com humor o fato de o seu amigo não ter se casado nem estabelecido patente para a casa, "Gabriel fez um voto celibatário arquitetônico". Ainda brincando com a questão da arquitetura Ariano relatou que "se morrer" pede a Deus que isso não aconteça no distrito federal; " É o cemitério mais desconfortável do mundo". Ainda em tom de brincadeira ele tratou da questão da cultura massiva no país. Irônico mostrou um jornal que tinha o grupo calypso como "a cara do Brasil", Ariano recitou "pra me conquistar você tem que suar, pra me conquistar você tem que balançar" em tom seco provocando o riso dos espectdores. Ainda comentou a manchete que dizia ser Chimbinha(guitarrista da banda) genial, "Se Chimbinha é genial, Bach o que é?".
Sobre os grupos políticos que no passado o criticaram Ariano foi taxativo; "eu continuo no mesmo lugar a oposição é que mudou". Citando uma entrevista feita no dia anterior por um jornalista ele ainda alfinetou, "onde estão os grupos de vanguarda pernambucanos que me criticaram? na retaguarda!". Ainda bem humorado o romancista voltou à "casa da flor" para falar de criação. "É isso que o artista faz, pega os cacos e transforma em flor!"
Ariano Suassuna saiu do encantamento à indignação ao ler a carta protesto escrita por ele há alguns anos atrás. "A economia de mercado é a base da putocracia", "a base da igualdade é a justiça". Ele revelou ainda sua indignação com a política neoliberal e com a social democracia."Outras coisas eu até podia perdoar mas a CVRD eu não perdôo!" Na carta, Ariano revelou-se cansado e triste com o que via, "a face verdadeira dos meus sonhos, um Brasil que teria sido e que não foi". Com um sorriso esperançoso revelou, no entanto, que o texto havia sido escrito em um momento de imenso desgosto, e que ainda cabia a ele continuar fazendo a sua parte. Ariano saiu como entrou: sob os holofotes. Só que dessa vez retirou as expectativas e deixou em todos uma sensação de orgulho e esperança que alegrou os ouvidos de um auditório boquiaberto e lotado.
Texto de Rayssa Medeiros com a colaboração de Eloísa França.
sexta-feira, 6 de julho de 2007
Depois dos iates o best seller
Depois de escândalos nacionais, iates em miami e declarações explícitas de como enganar os fiéis em cadeia nacional, ainda assim, a cada dia o número de adeptos da Igreja Universal do Reino de Deus cresce vertiginosamente.
Com templos suntuosos, inaugurados em capitais brasileiras, um dos maiores canais televisivos do país, além de muitos outros bens e a mais nova aquisição do bispo, uma mansão de 18 suítes em Campos do Jordão. Edir Macêdo prova que a rentabilidade da Igreja é maior do que a de qualquer outro negócio, como se não bastasse tudo isso, o bispo agora vai virar livro. Isso mesmo, se gundo O DIA, a biografia do bispo será escrita por Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo da rede Record, e tem tiragem inicial de 1 milhão de exemplares, será publicada pela Larrousse e tem lançamento previsto para outubro. E quem duvida de que a editora terá que imprimir pelo menos... mais umas 10 vezes a quantidade inicial? Afinal de contas seria este o segundo "livro sagrado"?
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