O texto aborda uma temática que vem ditando o ritmo da produção audiovisual no Brasil: o grotesco e o sublime da vida cotidiana.
A ficção torna-se o espelho da realidade, com doses equilibradas de luxo e lixo. Não há mais espaço para uma visão romantizada da vida. O realismo neogrotesco invade as mídias de massa, aproximando o telespectador das “estrelas”, que encenam na tela situações cotidianas. O amor e o ódio nas telenovelas retrata a aceitação ou rejeição, por parte do público, a determinados assuntos.
A lógica de que não há “assassino” nem “vítima” (aqui empregados de forma existencial), serve de base fundamental para o entendimento do ser humano. Isto é, não há distanciamento entre os dois. As relações humanas precisam ser tratadas de maneira mais crua por parte das mídias. Observa-se isto nas novas safras do cinema nacional com movimentos como o de São Paulo e Pernambuco (para citar os encabeçam a lista); o cinema documentário ganha força; os reality shows alcançam picos de audiência, investindo em realidade – bem maquiada, é verdade – e em interatividade.
Apesar da visão positiva de que “a identificação dos indivíduos com as situações e personagens ficcionais asseguram uma parcela inegável de prazer”, essa realização hedonista vivenciada pelo público ganha mais fôlego em uma óptica na qual existe a necessidade de partilha de experiências catárticas e estéticas da massa com os veículos da mídia informacional. As telenovelas fazem parte da vida dos brasileiros e são motivo de orgulho por parte das emissoras, além de principal produto de exportação. Elas ditam a moda, quebram e instauram novas regras e padrões, destroem tabus. É claro que existem “critérios éticos, estéticos e mercadológicos” (como bem propõe o texto) que ditam o ritmo de tais mudanças na sociedade de massas. Toda a conjuntura é observada. Tudo faz parte de uma grande teia, um eterno ciclo.
Se “a punição da perfeição é a reprodução” – nas palavras de Éric Gans –, então vivemos a época da exaltação do imperfeito. De fato as imperfeições surgem a partir da reprodução. Só o único é perfeito. Porém se a perfeição é criminosa, e pouco rentável, a “cultura de massa” segue, aparada pela lei, como principal indicador das relações de interação e sociabilidade entre os indivíduos na sociedade contemporânea.
[1] Resenha do texto homônimo do prof. Cláudio Cardoso Paiva, UFPB, 12º capítulo de “As aparições do deus Dionísio na Idade Mídia”.
[1] Aluno do curso de Jornalismo da UFPB.
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