segunda-feira, 7 de abril de 2008

O centro sai da história e volta à glória


Ao contrário da maioria das capitais litorâneas, João Pessoa não se originou na praia, mas, sim no centro da cidade, no seu interior. Devido à dificuldade de se chegar à costa pessoense por causa dos seus arrecifes, os primeiros desbravadores da cidade, aqui chegaram através dos rios Parahyba e Sanhauá, depois de entrarem no estado por Cabedelo. Assim então, às margens do rio Sanhauá, Surgiu Nossa Senhora das Neves, que seria mais tarde Filipéia de Nossa Senhora das Neves, Frederica, Parahyba e finalmente, em homenagem ao político paraibano assassinado em recife no ano de 1930, João Pessoa.

Essa particularidade histórica fez com que a cidade tivesse nos primeiros séculos de sua existência toda a sua vida social e econômica centrada nos arredores do rio Sanhauá. Construções glamourosas e monumentais adornam a cidade antiga. Com seu casaril colonial, suas igejas barrocas e rococós. Suas praças que inspiram qualquer observador, por menos atento que ele seja, a uma viagem no tempo, mais precisamente há 3 séculos atrás. Ás tardes no largo de São Pedro, às missas na Catedral, às pessoas nas sacadas dos antigos casarões, símbolo de austeridade e pompa naquela época.
Porém, com o passar do tempo a cidade cresceu em direção à praia e aos poucos as famílias ricas foram migrando do bucólico centro para os novos e modernos bairros, que passaram a ser a nova mania da alta sociedade local. O antigo glamour das tardes nas praças, no pavilhão do chá e nas igrejas foi dando lugar a alguns poucos pontos comerciais, em sua maioria lojas automotivas, e ao esquecimento marginalizado de alguns bordéis. Sem nenhum esforço público para a manutenção, muitos dos centenários casarões, já em ruínas acabaram desabando. Cada vez mais esquecida e sombria a cidade baixa ganhou a fama de reduto dos marginalizados e foi excluída do roteiro do pessoense moderno.
Esse quadro, porém, vem mudando há cerca de 10 anos. Tombado pela UNESCO como patrimônio cultural da humanidade, o centro histórico ganhou o fôlego que precisava para estar perto de voltar ao seu passado de glória. De lá para cá, ele vêm sendo revitalizado e inserido no roteiro turístico da capital.
Turistas de todo o mundo se encantam com a riqueza de detalhes na sua arquitetura centenária e com a exuberância da natureza tão generosa, que juntas compõem um par perfeito.
Um dos pontos altos do roteiro turístico da cidade antiga é o pôr do sol visto da sacada do antigo hotel Globo.De onde a vista retrata nada mais nada menos que a beleza estonteante do rio Sanhauá, cortando ao meio a mata atlântica, serve de pouso tranquilo para o astro rei. Tudo isso visto do charmoso prédio de construção datada do começo do século passado. Os visitantes, sejam eles turistas ou pessoenses, concordam quase em uníssono que o lugar tem um clima todo especial que os remete a outra época.
A Casa da pólvora é outra construção impressionante. Construída com fins militares durante a colonização portuguesa, ela permanece quase que totalmente original. Hoje em dia serve como espaço para exposições de artes visuais. Também possui uma posição privilegiada em relação ao rio Sanhauá e a mata Atlântica.
Um pouco antes da casa da pólvora pode-se encontrar aquela que talvez seja a mais impressionante obra arquitetônica do estado: O museu cultural São Francisco. Com suas ricas naves religiosas, folheadas a ouro com pinturas
barrocas no teto e sua suntuosa mobília. O lugar abriga muito mais mistérios do que se supõe, com os corpos dos antigos nobres da cidade enterrados embaixo do altar, ironicamente o altar da nave dos casamentos. Seus claustros que já abrigaram freiras, monges e até mesmo soldados em batalha. Seus pátios enormes e silenciosos. Seus cômodos hoje foram transformados em espaços para exposições culturais.Lugar de uma grandiosidade arquitetônica e histórica o museu é mesmo de tirar o fôlego.
Voltando ao largo de São Pedro, é possível encontrar ainda ótimas opções de entretenimento noturno. O conjunto de casarões e sobrados tão bonito de se observar durante o dia, ganha ainda mais vida à noite. Quando se transformam em bares e pequenos espaços para a apresentação de grupos musicais. Lugares como a In toca, o Galpão 14, o Casarão 34 e o Gabinete Cultural de Fubá são exemplos de boas opções de lazer. Onde é sempre possível encontrar boa música em um espaço agradável.
Se a volta do centro histórico como roteiro turístico em si, é um fato novo. O surgimento das noites culturais na cidade velha é ainda mais recente. Por isso mesmo, a noite central pessoense ainda permanece um tanto quanto acanhada, mas, vem aos poucos, e até bem rapidamente, ganhando força. Assim afirma Maria de Fátima de 46 anos, balconista de um dos bares que funciona no largo de São Pedro. “Melhorou muito de 3 anos pra cá, tem muito turista vindo aqui. Agora o pessoal abre os outros casarões que antes não abriam... Isso tudo veio depois que reformou aqui, quando arrumaram a praça.” Pollyanna Gomes, 21 anos, estudante, se revelou uma admiradora das noites no largo de São Pedro. “ Eu me encantei com a noite aqui, o clima é ótimo, muito melhor que na praia, essa é uma das partes que eu mais gosto da cidade.”
O ressurgimento do centro histórico não beneficiou apenas os visitantes que agora ganharam mais uma opção de lazer, mas também a economia da cidade que ganhou um novo fôlego e pôde gerar empregos. Maria de Fátima entende bem da felicidade trazida pela mudança ocasionada pela revitalização da cidade baixa. “Agora eu tenho carteira assinada, há muito tempo eu não sabia o que era isso.”
O centro histórico de João Pessoa renasceu e trouxe com ele cidadania, cultura e lazer. Ou seja: é uma versão da fênix da mitologia grega em versão sustentável.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Anatel


Por Andrea Lacerda

Bem, esta grande empresa de telecomunicação aí criou um bloqueio para quem faz o famoso 3segundos. É, disso eu já sabia e desde que o meu celular foi bloqueado por 24h por fazer as tais ligações eu não as repeti. Prefiro gastar a passar pelo imenso desprazer de ficar sem poder originar ligações para qualquer número que não seja o *144 por intermináveis 24h.
Mas hoje eu tive uma surpresa ao ligar para uma amiga por 3 vezes seguidas sem ser atendida tendo a ligação desviada para a caixa postal, na qual prefiro não deixar mensagem por saber que os meus amigos estudantes e lisos não vão acessar e desligar por essas três vezes naquela mensagem insuportável de "sua ligação será encaminhada para a caixa de mensagens e estará sujeita a cobrança após o sinal" e ao fazê-lo vi meu celular bloqueado.
Obviamente liguei para o *144 e fui atendida por um funcionário não muito simpático que me informou que ao desligar essas três vezes foi considerado que eu tivesse feito ligações curtas (essa é a forma correta para os "3 segundos").
Que legal! Eu sou obrigada a deixar recado na caixa postal ou não posso deixar que o telefone chame quantas vezes se fizerem possíveis.
Eu imaginava que como existia aquele aviso é porque eu tinha o direito de escolher se continuaria ou não a chamada.
Bem, continuando minha infeliz experiência com a OI e a ANATEL(porque esta que criou o sistema) esse funcionário diz que só pode resolver a situação com o gestor da minha empresa, haha, jura que eu vou incomodar um funcionário do TRE-PB que provavelmente está cuidando dos processos dos nosso "adorados" parlamentares com isso.
Pedi para que o funcionário me transferisse a um superior e fui informada que todos estariam ocupados, nossa, como eu sou desimportante. Mas eu disse que aguardaria já que estes não deveriam demorar muito mais que 24h. Mas esse funcionário "educadíssimo" da minha maravilhosa operadora fez o favor de me transferir para o tu-tu-tu(sinal de ocupado ou de que caiu a ligação).
Liguei novamente e fui atendida pela Elizângela, essa sim é uma funcionária que deveria até ser promovida, mas acho que ela deve ter um futuro melhor que este. Ela procurou ver e me disse que os supervisores estavam em reunião, mas que conseguiu falar com alguém sobre o meu caso e que me daria um retorno antes de sair da empresa o que seria as 21h.
Que bom! Alguém deu valor a uma "assinante" de um desses planos empresariais que foram mudados antes do prazo de 1ano estipulado em contrato.
Pena que acabo de receber uma mensagem do antendimento, da tal Elizângela que agora descobri que é Pires dizendo que para retirar meu bloqueio só mesmo um dos supervisores.
Tudo bem, minha quase amiga Elizângela também me prometeu que um deles (supervisor) entraria em contato comigo para ver o que poderia ser feito com relação à minha reclamação.
Se eles vão resolver ou não, eu não sei, mas quando eu estava errada eu fiquei quieta, agora eu estou certa.
Preciso do celular e o PROCON existe para acertar esses probleminhas, não é?


Se liguem e não insistam em ligar para alguém que não pode te atender naquele momento por algum motivo, a sua operadora pode ficar brava com isso!


Foi longo, mas foi um desabafo!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Ariano Suassuna e José Costa Leite, a cultura popular das feiras às academias.


Aconteceu hoje, na reitoria da UFPB, uma homenagem aos 80 anos de Ariano Suassuna e José Costa Leite. Os dois notáveis paraibanos, apesar de terem trilhados caminhos diferentes, ministraram com igual grandeza a palestra que se seguiu às homenagens prestadas.
A sala lotada de estudantes, professores, funcionários e curiosos tiveram a oportunidade de assistir à brilhante apresentação do quinteto Itacoatiara, criado por Ariano na época em que lecionou na UFPB, que ao som de violino, viola, violão, flauta transversal e fagote; executou três belíssimas músicas: Contra-dança, Festa na senzala e Vento Nordestino. O escritor assistiu da primeira fila, em cadeiras reservadas, porém, dividiu o espaço com estudantes, incontidos diante do rítmo de Vento nordestino, que lotavam o chão dos corredores. Ele foi amável todo o tempo e muito paciente com todos os que arriscaram colocar seu lado tiete para fora. Logo após, Houve a apresentação de um grupo de poesia musicada, que além do interprete que declamava; contava com violino, viola e percussão.
A homenagem se seguiu com a convocação de uma mesa de honra formada por figuras notáveis, no campo acadêmico e estadual, onde discursaram o secretário de educação do estado Neroaldo Pontes e o reitor Romulo Polari . A mesa de honra foi desfeita, nela permanecendo apenas os homenageados e a professora Idelette Muzart Santos, da Paris X e ex-professora da UFPB, que presidiu a "palestra-debate" e ministra o curso "As vozes de Ariano Suassuna: oralidade e criação na obra teatral romanesca" destinado aos alunos de mestrado e doutorado até o dia 27(sexta-feira).
Idelette mostrou-se muito à vontade, apesar de ser francesa ela escreveu vários artigos e livros sobre a obra de Ariano, além de ter traduzido folhetos de cordel de Costa Leite para o francês. Em um discurso Breve e consistente, onde ressaltou os pontos de coincidência entre os dois autores (de formação tão distinta), ela deixou aberta a passagem para a palestra de Costa Leite.
O Cordelista e Xilógrafo abriu o discurso tímido e modesto, junto a Ariano Suassuna usou a analogia, "é mesmo que uma formiga e um elefante". A comparação foi derrubada pela platéia que ovacionou o poeta emocionado ao relatar as dificuldades da vida do cordelista nordestino. José Leite tocou fundo as emoções do público atento. Bem humorado, revelou o segredo de sua lucidez em plenos 8o anos, a serem completados daqui a 2 dias, " eu escrevo um cordel de pelo menos oito páginas todo dia, isso ajudou a minha cuca gasta". José ainda recitou a "oração do cachaceiro" e contou "o causo do menino que queria um sapoti em São João do Cariri". A exposição homônima das Xilogravuras de José Costa Leite ficarão expostas no hall da reitoria.
Ariano Suassuna abriu sua palestra calmo; no entanto, cutucou, fez rir e indignou a todos. Comentou a polêmica acusação de que ele seria um localista arcaico com muito bom humor e ferrenha posição. Criticou duramente a poesia matuta, acusando-a de caricatura mal feita da poesia popular. "Para fazer uma obra de verdadeira garndeza não é apenas necessário fazer e querer, é necessário estar impregnado daquilo que se escreve." Disparou o escritor. Ariano ainda voltou a discutir a sua preocupação com a forma, com a deturpação da beleza. Afirmou ter horror à arquitetura pós moderna e se disse incomodado com a aparência de Brasília, "A impressão que eu tenho é que fizeram um susto a Brasília e ela empalideceu pra sempre".Em comparação Ariano ressaltou a beleza da "casa de flor" construída por seu amigo Gabriel Joaquim dos Santos, a qual é toda construída com cacos de vidro e pedaços de material escolhidos por Gabriel. A casa localiza-se no interior do estado do Rio e é tida pelo ecritor como padrão de beleza. O dramaturgo tratou com humor o fato de o seu amigo não ter se casado nem estabelecido patente para a casa, "Gabriel fez um voto celibatário arquitetônico". Ainda brincando com a questão da arquitetura Ariano relatou que "se morrer" pede a Deus que isso não aconteça no distrito federal; " É o cemitério mais desconfortável do mundo". Ainda em tom de brincadeira ele tratou da questão da cultura massiva no país. Irônico mostrou um jornal que tinha o grupo calypso como "a cara do Brasil", Ariano recitou "pra me conquistar você tem que suar, pra me conquistar você tem que balançar" em tom seco provocando o riso dos espectdores. Ainda comentou a manchete que dizia ser Chimbinha(guitarrista da banda) genial, "Se Chimbinha é genial, Bach o que é?".
Sobre os grupos políticos que no passado o criticaram Ariano foi taxativo; "eu continuo no mesmo lugar a oposição é que mudou". Citando uma entrevista feita no dia anterior por um jornalista ele ainda alfinetou, "onde estão os grupos de vanguarda pernambucanos que me criticaram? na retaguarda!". Ainda bem humorado o romancista voltou à "casa da flor" para falar de criação. "É isso que o artista faz, pega os cacos e transforma em flor!"
Ariano Suassuna saiu do encantamento à indignação ao ler a carta protesto escrita por ele há alguns anos atrás. "A economia de mercado é a base da putocracia", "a base da igualdade é a justiça". Ele revelou ainda sua indignação com a política neoliberal e com a social democracia."Outras coisas eu até podia perdoar mas a CVRD eu não perdôo!" Na carta, Ariano revelou-se cansado e triste com o que via, "a face verdadeira dos meus sonhos, um Brasil que teria sido e que não foi". Com um sorriso esperançoso revelou, no entanto, que o texto havia sido escrito em um momento de imenso desgosto, e que ainda cabia a ele continuar fazendo a sua parte. Ariano saiu como entrou: sob os holofotes. Só que dessa vez retirou as expectativas e deixou em todos uma sensação de orgulho e esperança que alegrou os ouvidos de um auditório boquiaberto e lotado.



Texto de Rayssa Medeiros com a colaboração de Eloísa França.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Depois dos iates o best seller


Depois de escândalos nacionais, iates em miami e declarações explícitas de como enganar os fiéis em cadeia nacional, ainda assim, a cada dia o número de adeptos da Igreja Universal do Reino de Deus cresce vertiginosamente.
Com templos suntuosos, inaugurados em capitais brasileiras, um dos maiores canais televisivos do país, além de muitos outros bens e a mais nova aquisição do bispo, uma mansão de 18 suítes em Campos do Jordão. Edir Macêdo prova que a rentabilidade da Igreja é maior do que a de qualquer outro negócio, como se não bastasse tudo isso, o bispo agora vai virar livro. Isso mesmo, se gundo O DIA, a biografia do bispo será escrita por Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo da rede Record, e tem tiragem inicial de 1 milhão de exemplares, será publicada pela Larrousse e tem lançamento previsto para outubro. E quem duvida de que a editora terá que imprimir pelo menos... mais umas 10 vezes a quantidade inicial? Afinal de contas seria este o segundo "livro sagrado"?

sábado, 30 de junho de 2007

MPE pede a cassação do governador da PB


Parecer do Ministério Público Eleitoral da Paraíba (MPE-PB) pede a cassação do mandato do governador do estado, Cássio Cunha Lima (PSDB), e do vice-governador, José Lacerda Neto (DEM). A ação pede ainda a realização de novas eleições. A representação, que foi interposta pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), acusa o governador reeleito da Paraíba de abuso do poder político e econômico, que teriam sido caracterizados pela distribuição de cheques pela Fundação de Ação Comunitária (FAC) a eleitores.O advogado de Cunha Lima, Luciano Pires, disse que não se surpreendeu com o parecer do procurador regional eleitoral, José Guilherme Ferraz, porque ele é autor de uma outra ação com o mesmo teor e, portanto, o parecer só poderia ser igual à ação que ele moveu."Não é surpresa nenhuma o parecer. Inclusive, nós estamos questionando a conduta do Ministério Público Eleitoral na Paraíba. É inconcebível o Ministério Público atuar ora como parte ora como fiscal da lei. Essa dupla atuação está sendo questionada no TSE", afirmou Pires ao G1. De acordo como o MPE, o governo da Paraíba, através da FAC, distribuiu 30 mil cheques de R$ 150 a R$ 200 no início do ano eleitoral, totalizando cerca de R$ 4,5 milhões. Os cheques, conforme a denúncia, foram emitidos para pessoas pobres pela FAC. No entanto, segundo o parecer do Ministério Público Eleitoral, não havia base legal orçamentária no governo e na Fundação de Ação Comunitária para execução do programa de distribuição de cheques nem exigência de comprovação de condição de carência do beneficiário. De acordo com auditoria do Tribunal de Contas do Estado, o governo tucano gastou com os auxílios em maio e junho de 2006 cerca de 98% do que foi gasto em 2005. O programa foi suspenso em junho de 2006 pela Corregedoria do Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba. O advogado do governador, porém, questiona as denúncias. "Na Paraíba, existe assistência social às pessoas carentes desde 1999, com previsão legal desde 2002. Existem diversas formas de assistência social às pessoas e uma delas é a ajuda financeira", disse Pires. Segundo ele, "existia execução orçamentária em 2005 e o fundo foi criado por lei específica". Para Pires, o Ministério Público Eleitoral não é o "senhor da razão". "O Ministério Público erra e nós temos confiança e convicção que teremos êxitos nesta questão", afirmou ele ao G1.


*

Fonte: Portal de Notícias da Globo

Xereta: Giovanni Alves

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Anos 80, a década dos efêmeros.

























Essa semana remexi no baú de saudosismos e ouvi todas as velharias a que tinha direito. Confesso que sou antipática a certas coisas da década de 80 (década essa em que nasci), mas ouvi tantas coisas boas cujo rumo não faço idéia. Aliás, acho que quase ninguém faz. Tudo bem que grande parte dos grupos de grande sucesso na década, não acabaram ou sumiram completamente, mas não tem sequer, o rastro do sucesso meteórico que um dia fizeram. Eram boas músicas, boas bandas... Até no metal farofa a de se adimitir que coisas boas foram produzidas. Se na música não se ouve falar de grandes bandas, no cinema então, nem se fala. Afinal, por ende andam Jennifer Grey, Milla jovovich, Patrick Swayze e tantos outros... Claro, vocês podem me dizer que eles até fazem um filminho ou outro, ou que não eram grandes atores, para merecerem se manter de pé... Mas o fato é que nos anos 80 a velocidades como artistas subiram e desceram foi vertiginosa e a queda irrecuperável. Tá vendo aí? nem só de bandas de pagode brasileiras vive o fracasso.

Rayssa

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Sonho Moderno

Irei falar de coisas modernas
Não quero que pensem
Que vivo para o passado.
Não quero que pensem
Que sou mais um nostálgico.
Não quero que pensem
Que acho pior o futuro.

Falarei da modernidade
Mais antes....
Vocês se lembram
Da semana de 22?
Aquela ruptura do tradicional?
Então...
Quero ser moderno.
Fazer poemas para maquinas.
Saldar os motores a diesel.
Louvar a nuvem negra
Escarrada por alguma chaminé.
O ronco dos automóveis.
O grunhido das locomotivas.
Quero saldar os brinquedos futurísticos.

Ser amante de maquinas voadoras
E habitante estrelar.
Quero saudar a modernidade
Com suas sondas espaciais
Vasculhando o entulho do universo.
Quero pensar no meu amigo
Com inteligência artificial.
Chamar sua mãe de puta
Que trepa com qualquer maquina lubrificada.
Ter proteção via-satélite.
Passar minhas férias no cinturão de Kuiper.
Para acreditar que o sol
É só mais um ponto a lumiar.

Quero desmaterializar quando falecer.
Não quero que meu corpo
Seja comido por verme qualquer.
Quero acordar saldando
Admirável mundo novo.
Quero ter certeza de que
Não haverá pobreza,
Pois os pobres?
Os pobres serão dizimados.
Eles desaparecerão com
Suas queixas, feiúras e lamurias.Tudo será belo, moderno, hi-tec.

O ar?
O ar será puro.
Todo o oxigênio será filtrado.
Não haverá impurezas,
Tudo esterilizado.
Arvores serão apenas coisas exóticas.
Todo o alimento será pensado.
Geneticamente modificado para
O conforto do ser humano.
Só estou indignado com os velhos.
Eles com essa mania de se congelarE acordar no futuro.

Deixe-nos em paz!
Vive e aprecie sua realidade.
Não venha nos dizer que está melhor.
Nós sabemos que está melhor.
Tudo está melhor.
Avaliado, reformulado, aprimorado.
Sou moderno, sou de ultima geração.
Não haverá confusão,
Todos nós seguiremos um padrão
De comportamento,
De alimentação,
De estética e para quem quiser
Também de religião.
Vou escolher a face de meu filho.
Pois nada será feio no mundo moderno.

Philippe Wollney

quinta-feira, 14 de junho de 2007

CONTO - O fruto

Discuto com os vizinhos sobre ética, cidadania, democracia. Não que saiba, de fato, o que são, mas através da troca de idéias expurgo meus preconcetos e sei, mais ou menos, o que querem as pessoas. Hoje elas querem mais honestidade. Mesmo, às vezes, elas não sendo éticas consigo mesmas. Sei o que poderá me acontecer. A justiça não é cega para mim. Espero há décadas por um representante que seja fiel a seus princípios. Que seja honesto. Me decepciono a cada eleição. Pelo contrário, observo pela tv um bolo fétido de escrotos tirando uma com a minha cara. Com meu dinheiro. Com minha paciência. Minha esperança. Cansei! Sei que as coisas não caminham por aí. Mas sei que assim não podem ficar.
- Vou acordar o Brasil.
- Pois não?
- Eu queria uma corda forte...
- Quantos metros?
- Sei lá. Que fosse grande e forte. Que dê para amarrar um porco.
Comprei também algemas, estiletes, fita adesiva. O rapaz ainda deu desconto por ter comprado um revólver vetusto.
Saí da loja. Brasília é estranha. Não tem esquinas. E faz um calor infernal.
Preciso alugar um carro, um lugar para ficar. Porque comprei a arma? Uma de brinquedo bastaria. Ou não. Se é por uma causa séria, eu fiz certo então.
Um orelhão:
- Alô, é do Correio Brasiliense?
- É.
- Eu tenho uma informação importante...
Agora é só esperar. Um deputado sai cercado de gente. O revólver esquenta na cintura:
- Pra trás todo mundo! Gritos.
O deputado paralisou:
- Tô aqui só pra levar ele.
- Não!
- Sim, você, seu filho da puta!
Coloquei-o no carro. Parti desesperado. Aluguei um quarto próximo do sequestro. Sequestro? Eu não sou sequestrador! Sou um cidadão! Vou acordar o Brasil! Algemado no quarto o deputado chorava:
- Eu nem acredito que vocês choram. Porco não chora! Gritei.
A primeira luz de câmera:
- Até que em fim chegaram. Depois veio outra emissora, e depois bombeiros, e depois advogados e por fim a polícia. Essa hora as manchetes já devem estar alertando as pessoas.
O negociador:
- Qual o seu nome?
- Povo!
- O quê?
- Povo População Indignada da Silva.
Gargalhei. Ele fez silêncio.
- Eu quero honestidade, disse.
- O quê?
- H-o-n-e-s-t-i-d-a-d-e!
Foi comunicar ao outros. Enquanto isso o roliço deputado chorava. Eu ria.
- Povo!
- Oi, capitão?Respondi.
- Tá certo. Vamos te dar isso, mas primeiro solte o refém.
Chorei de rir ao lado do deputado. Trataram tão fisiologicamente a situação que não aguentei:
- Não é assim, capitão. Eu quero que os políticos desse país nos levem a sério. Eu sou o fruto do escárnio parlamentar para com a população brasileira. E eu sei que até o senhor, capitão, quer isso também. Portanto, você está do meu lado, não contra mim.
- Entendo. Mas não é assim que a banda toca. Não sequestrando. Ameaçando.
- E é como então? Me diga, senhor capitão, que eu solto esse chorão na hora!
- É votando.
Não aguentei novamente. O deputado riu comigo.
- Vamos ser obrigados a invadir.
- Eu estouro a cabeça dele!
O deputado parou de rir quando ouviu:
- Já avisou a imprensa do que eu quero?
- Já.
- E o que é?
- Honestidade!
Pela fresta da janela eu via os jornalistas frente às câmeras.
- Sou o fruto do escárnio parlamentar, gritei num tom triste.
- Tenha calma. Todos somos, respondeu o capitão.
Comecei a chorar copiosamente. O deputado ficou atônito. Parecia entender. Senti um leve silêncio. Previ a invasão. Antes disso, tirei o revólver da cintura, apontei para o deputado e atirei. O primeiro e único tiro da minha vida, até invadirem violentamente o quarto e me transfomarem em alimento de piranhas metálicas. Tentando acordar o Brasil fechei meus olhos para sempre.
*
GIOVANNI ALVES

terça-feira, 12 de junho de 2007

Promessas matrimoniais


Sei que o título não tem muito a ver com o dia, mas quem sabe alguém não pede sua alma gêmea em casamento??

Achei esse texto no jornal, em 2004, achei lindo e tenho até hoje.

"Promete ser fiel na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, amando-o(a) e respeitando-o(a) até que a morte os separe?"
Acho simplista e um pouco fora da realidade. Dou aqui novas sugestões de sermões: Promete não deixar a paixão fazer de você uma pessoa controladora, e sim respeitar a individualidade do seu amado, lembrando sempre que ele não pertence a você e que está ao seu lado por livre e espontânea vontade?
Promete ser amiga(o) e ser amante, sabendo exatamente quando devem entrar em cena uma e outra, sem que isso transforme-a numa pessoa de dupla identidade ou numa pessoa menos romântica?
Promete fazer da passagem dos anos uma via de amadurecimento e não uma via de cobranças por sonhos idealizados que não chegaram a se concretizar?
Promete sentir prazer de estar com a pessoa que você escolheu e ser feliz ao lado dela pelo simples fato de ela ser a pessoa que melhor conhece você e portanto a mais bem preparada para ajudá-lo, assim como você a ela?
Promete se deixar conhecer?
Promete que seguirá sendo uma pessoa gentil, carinhosa e educada, que não usará a rotina como desculpa para sua falta de humor?
Promete que fará sexo sem pudores, que fará filhos por amor e por vontade, e não porque é o que esperam de você, e que os educará para serem independentes e bem informados sobre a realidade que os aguarda?
Promete que não falará mal da pessoa com quem se casou só para arrancar risadas dos outros?
Promete que a palavra liberdade seguirá tendo a mesma importância que sempre teve na sua vida, que você saberá responsabilizar-se por si mesmo sem ficar escravizado pelo outro e que saberá lidar com sua própria solidão, que casamento algum elimina?
Promete que será tão você mesmo quanto era minutos antes de entrar na igreja?
Sendo assim, declaro-os muito mais do que marido e mulher: declaro-os maduros"

Mário Quintana.

domingo, 3 de junho de 2007

Contrastes

Tida como a capital mais verde do Brasil, João Pessoa vem se deparando com administrações que deixam muito a desejar no aspecto cultural dessa calma, bela e acolhedora cidade.
Com mais de 420 anos de história, a terceira mais velha cidade do país se perde em tanto encanto. Porém passear pelo seu centro histórico nos da um mesclar de admiração e pena. Obras soberbas, mas que se apresentam tomadas por cupins e mato,um total descaso. Lugares amplos, com pouquíssima violência e de fácil acesso, mas que, infelizmente, não fazem parte dos planos de cuidado dos governos. Investimento na cultura e no lazer? Onde? Se até o Zoológico não tem condições alguma para passeio, com animais que não se sabe como ainda estão ali e com sujeira espalhada por todo o lugar. Se a tão conhecida e antiga Bica da cidade secou, já era, virou lenda. Se as esplendorosas praças históricas não passam de lar para pessoas que não tem onde morar.
Embelezar superficialmente a cidade? Fácil de mais! Esquecer o início e alicerce da mesma? Mais fácil ainda! Visto que boa parte da própria população está mais preocupada com o lugar que habita o Porteiro do Inferno e com outdoors que vão de encontro aos princípios morais da Igreja.João Pessoa não é só praia nem tão somente Lagoa. Temos história, prédios possuidores de uma arquitetura brilhante, rara de se encontrar. Capital mais que linda e adorada. Não é possível que essa encantadora cidade se deixe cair em ruínas e exalte tanto o lugar do Porteiro do Inferno.

Nadja Braga, estudante de Jornalismo da UFPB